domingo, 17 de abril de 2011

Algo sobre: Perdas


            Perder: a caneta, o caderno, o ônibus, um amor, a hora, a coragem, a sensibilidade, o tempo...
Praticamente tudo que temos hoje nós podemos perder. Mas o que seria, de fato, a perda? “É você possuir algo hoje e amanhã não ter mais.” Basicamente, mas acredito que vai além disso. Enxergo tudo de forma encadeada, se você mexe em um componente dessa cadeia, modifica o resto. “Como assim?” Vamos à uma situação hipotética: X acorda atrasado e tem que correr para chegar ao trabalho, por mais que X se apresse, ele perde o ônibus e chega atrasado. O chefe de X, Y, chama a atenção dele de maneira pouco amistosa e X fica chateado. Então, X – chateado por ter perdido o ônibus e ter tomado uma advertência - vai para sua sala e desconta a sua raiva no estagiário, Z. Provavelmente, aconteceu alguma coisa com Y para ele tratar X com grosseria e certamente Z vai passar a energia negativa a diante. “Não, Z não passa a diante.” Por que? “Ele é o estagiário, não devolve nem repassa nada, só sustenta a cadeia.” É, mas enfim... deixemos a cadeia um pouco de lado e voltemos às perdas.
“É, não consegui ver uma ligação entre essa cadeia e as perdas ainda.” O que eu quero dizer é: mais importante que perder ou deixar de perder algo é saber como reagir diante de uma perda. Querendo ou não, ficamos mal acostumados com aquilo que temos e quando perdemos, muitas vezes acabamos fazendo aquela velha ‘tempestade no copo d’água’ por algo que não vale a pena. Um exemplo: uma galerinha que vive dizendo “Se eu ficar sem internet meu mundo acaba, eu morro!”. Vamos imaginar que num belo dia o computador de uma criatura dessas queime. O computador não, a placa de rede, todas as portas USB (sem modem 3G também) e qualquer outra coisa que possibilite esse indivíduo se conectar à grande rede (para a raiva aumentar, ele fica sem internet, mas o computador vai ligar). Ele vai morrer? Não, ele não vai morrer! E ficar sem internet não é motivo pra ele querer bater no irmão menor e chutar o cachorro. Tem que ter controle.
Claro que não podemos comparar perder a internet com a perda de um ente querido, um amor, etc. Mas vejo na ‘raiz’ de grande parte dos problemas envolvendo perdas: supervalorização de algo e medo de mudanças. Como a ‘raiz’ é a mesma, podemos achar uma ‘solução comum’, calma que eu não vou dizer que você deve desvalorizar sua mãe ou sua namorada.  A questão é você descobrir o seu valor, não viver sua vida em função de outras coisas ou pessoas, mas não vai bancar o ‘coração de pedra’, tem que ser na dosagem certa. “E como eu vou saber dosar isso?” Aí é com você, cada um tem seus limites e limitações, como disse Raul: ‘cada um de nós é um universo...’. “E se a perda já aconteceu?” Bom, aí é saber se adaptar à nova situação, se o que você perdeu tiver que voltar pra você, vai voltar. Se não voltar, você certamente terá outros ganhos lá na frente.
Agradecer ao camarada Dieslley pela sugestão de tema. Quem quiser, fique à vontade para sugerir temas também, assim fica mais bacana a interação. E devo lembrá-los que isso aqui é escrito baseado na experiência de um louco que tenta sobreviver e que espera estar ajudando alguém com isso, se você pensa de maneira diferente: faça do seu jeito! (E registre aqui, para poder ajudar mais gente) Citando Raulzito de novo: “Não quero ser o dono da verdade, pois a verdade não tem dono, não. Se o "V" de verde é o verde da verdade, dois e dois são cinco, né mais quatro, não.”
Até a próxima!

4 comentários:

  1. Bom tema, axo que a maior perda que tive, foi minha avó, meu mundo ficou sem chão sabe, foi dificil para lidar com a situação, tanto que demorou bastante tempo, preferia acreditar que ela tinha feito uma longa viagem, que iria demorar, mas um dia ela voltaria...

    Axo que em 5 anos amadureci bastante, não só em relação a como lidar com o mundo, mas em relação a me conhecer, saber meus limites, meus pontos fortes e fracos, hoje sou mais forte, ainda bem que superei, consigo ser feliz só, independente de qualquer pessoa, não deposito minha felicidade em ninguem, tampouco, a confio nas mão de alguém...

    Adorei seu texto ;)

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  2. Nossa, texto com uma essência sensacional. Gostei principalmente da parte que diz: "Mas vejo na ‘raiz’ de grande parte dos problemas envolvendo perdas: supervalorização de algo e medo de mudanças". Realmente é isso cara: a perda só é maior quando nos apegamos aquilo com todo o nosso ser. Abraços, Deus falou muito comigo através do seu texto. Que Ele te abençoe :D

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  3. Rpz, na história hipotética, lá em cima, algo me diz q vc tem uma forte tendência a se identificar com "Z". Algo o motivou a escolher a história hipotética A, em vez da B, C...

    Realmente, é a supervalorização, por isso me lembro de Legião Urbana, qdo mesmo sem ter nada a perder, sentimos saudades de tudo o que ainda não vimos (ou tivemos).

    Muito bom o texto! Parabéns

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